
O Arcano 6
Nesta figura o "mago" retorna. Desta vez, ele não usa o chapéu que representa o infinito. Portanto, o que lhe acontece aqui não diz respeito ao seu espírito. O cabelo claro cai solto, a cor amarela demonstra sua alta inteligência. A túnica é vermelha e verde. As cores estão invertidas na saia curta; verde do lado direito e vermelho do lado esquerdo. As cores das pernas correspondem às do peito. As mangas são amarelas.
A vestimenta significa que todo o seu ser e cada passo que ele dá são guiados pela espiritualidade, pela caridade e pela humanidade. Interiormente, também, ele está imbuído desses princípios. Sua atividade, representada pelos braços, é orientada pela razão. Ele sempre avalia cuidadosamente os prós e os contras do que está para fazer. As mãos estão cruzadas sobre o peito como se estivessem protegendo-o das influências exteriores. Os olhos estão baixos, pois ele evita olhares sugestivos que buscam penetrar seu íntimo.
Acima da cabeça ele tem uma estrela com doze pontas e dentro dela há um círculo com um anjo prestes a lançar uma flecha contra o mago. As doze pontas da estrela sugerem os doze signos do Zodíaco e, portanto, as energias criativas que organizam o mundo visível.
O jovem encontra-se na encruzilhada do caminho, de cada lado uma mulher. À direita está a Imperatriz com a coroa sobre o cabelo ondulado e a roupa azul e vermelha. À esquerda está uma mulher de cabelo preto: ela usa uma roupa amarela sob uma capa verde. O amarelo é a cor da razão, mas neste caso, o amarelo e a estreita faixa de pescoço, o cinto vermelho, bem como a flor vermelha nos cabelos são símbolos da sua fria e racional atitude calculista, que nada tem de espiritualidade e crença. Está faltando a cor azul. A capa verde simboliza a falsa aparência de cordialidade e simpatia destinada a iludir suas vítimas. Ambas as figuras tocam o "mago", elas o seduzem para segui-las.
As duas mulheres simbolizam a luta interior do homem na encruzilhada dos caminhos. Em algum ponto da vida, todos têm de escolher uma direção. É preciso optar por um dos caminhos: o da direita ou o da esquerda. O lado direito leva a uma vida virtuosa por meio de difíceis lutas que envolvem renúncias e sacrifícios, mas que ainda assim oferece alegria pura e amor verdadeiro. O lado esquerdo atrai para o sucesso fácil, sem luta, para uma vida licenciosa e pródiga, com prazeres efêmeros na gratificação dos desejos e necessidades físicas. Entretanto, esses prazeres inevitavelmente deixam um travo amargo na boca e arrastam a consciência para um nível inferior. O final dessa vida é o caos interior e a destruição da alma.
Os dois caminhos são simbolizados pelas duas figuras femininas. Contudo, isso não significa que um homem que esteja na encruzilhada tenha necessariamente de optar por uma das duas mulheres. É claro que isso pode acontecer, mas será apenas um caso entre vários, em que uma pessoa, homem ou mulher, se encontra nessa encruzilhada.
Quantas vezes ocorre de um médico, um cientista, um artista ou um comerciante, por exemplo, terem de escolher entre o sucesso fácil pelo qual, todavia, terão de se vender e desistir de sua convicção íntima; ou por uma vida árdua que, ao permitir-lhes agir segundo suas crenças, lhes nega, contudo, o sucesso mundano e o conforto material.
Muitas pessoas experimentam essa divisão de caminhos em si mesmas e sabem o que significa "vender-se ao diabo". Naturalmente, pode acontecer de o homem neste nível de consciência ter de fato de escolher entre duas mulheres - ou uma mulher entre dois homens. Ou apenas tenha de optar entre dois modos de vida.
A questão é se, tendo em vista o proveito material, um homem trai sua convicção íntima, sua voz divina interior, vendendo dessa forma o próprio Eu divino; ou se ele obstinadamente obedece à sua voz interior e segue suas convicções. Neste último caso, significa que ele faz a vontade de Deus.
Na figura o anjo está prestes a disparar a flecha contra o coração do mago. Ele sabe muito bem que o mago pode e necessariamente escolherá só o caminho certo. Pois qualquer caminho que escolher, ele escolherá o certo para si mesmo, visto que ambos os caminhos levarão ao mesmo objetivo, a Deus. Trata-se apenas de uma questão de tempo, pois o da esquerda é ligeiramente mais comprido do que o da direita. Para Deus não existe tempo.
Se o homem é inexperiente, ele escolherá e terá de escolher o caminho da esquerda, a fim de eliminar sua falta de experiência. Neste caminho da esquerda, ele compreenderá que se torna infeliz, que mergulha no caos e que destrói a alma. Ele se perde no caminho e cai da unidade, cai do Eu divino. E esta é a maior desgraça, isso é o inferno.
Então ele tem de retroceder, tem de "converter-se" e descobrir o caminho para fora desse inferno. Precisa encontrar o caminho certo: agora tem um rico acervo de experiências, portanto não corre o risco de se perder outra vez.
Depois de pensar, certa noite no palácio, no tipo de vida inútil que estava levando e em como esta poderia rebaixá-lo, Siddhartha retirou-se para meditar e encontrar Deus, tornando-se o Buda.
Portanto, no caminho da esquerda o homem precisa, mais cedo ou mais tarde, despertar. Assim, nunca mais se desviará por achar que a felicidade pode ser encontrada ali. Ele precisa encontrar o caminho correto e avançar por ele a fim de alcançar a grande meta.
Se o homem escolher o caminho da direita, sem a necessária experiência, será incapaz de resistir ao demônio sempre que este o tentar na forma de alguma tentação na vida diária. Como não tem a força da experiência, ele cai. Portanto, terá de retornar ao caminho da esquerda, a fim de fazer experiências.
Mas se o homem trouxer essas experiências de uma vida anterior, ele pode escolher, e o fará, diretamente o caminho correto. Quando ainda é inexperiente, ele escolhe, com um desvio para a esquerda, o lado direito; e quando já tem experiência, ele escolhe o lado direito, sem desvio.
O anjo que está no centro dos signos representando o papel de Sol, atira a flecha, um raio de luz para o coração do mago. Este, então, escolherá o caminho que corresponde à sua experiência, quer seja curto ou longo, direto ou indireto rumo ao objetivo, rumo a Deus.
A carta de tarô A Encruzilhada corresponde ao número 6 e à letra Vau. O número 6 resulta de dois triângulos incluídos um dentro do outro. Um dos triângulos tem a ponta voltada para cima, o outro a tem para baixo. O que está voltado para cima simboliza a Trindade Divina, o outro representa a oposição, o mundo material.
Os dois triângulos entrelaçados formam a estrela de seis pontas, que simboliza o coração humano. No coração, para o qual o anjo arremessa sua flecha, encontram-se os dois mundos, o espiritual e o terreno. O homem precisa concretizar ambos. No espírito, o celestial; e no corpo, o mundo terreno.
A letra Vau significa o olho, portanto, tudo aquilo que se relaciona com luz e divindade. O olho estabelece como que uma ponte entre o homem e o mundo exterior, pois através do olho a luz e o mundo exterior se revelam ao homem. Esta letra corresponde à sexta sephirah, Tipheret, que significa brilho e Sol, portanto, tudo o que se vê com os olhos.
Interpretação Oculta
A Lâmina 6, exotericamente, é denominada de "O Amoroso". No alfabeto hebraico está relacionada com o VAU ou VAF. Expressa a determinação dos atos como liberdade, escolha, sentimento. É a atmosfera volitiva, o voto formulado e o desejo.
O Arcano 6 é, pois, o Enamorado. É simbolizado por um jovem que se acha indeciso entre dois caminhos representados pelas duas mulheres que o ladeiam - o Caminho do Bem e do Mal, o Amor Universal e o Humano, a razão e a paixão, a vontade e a vaidade, o bom senso e a presunção.
O verdadeiro sábio é aquele que não se preocupa nem com o prazer nem com a dor, para isso procura o caminho da Liberdade.
No aspecto iniciático, o que são as provações?
Quando se inicia a ascensão dos discípulos na escala evolucional, começa a ser criada uma série de circunstâncias em torno de suas vidas, de modo que os discípulos vão sendo experimentados em seus vários ângulos. São as Provas. Com as experiências adquiridas através dessas provas, vão se aprimorando as almas humanas até se transformarem, atingindo a sublimação.
Enquanto os discípulos não passam por tais provas, constituem uma grande interrogação para seus Mestres.
O apego apresenta três naturezas: física, emotiva e mental. Logo as provas ou experimentações a que o homem é submetido também são de três naturezas. Elas se processam no consciente, no subconsciente e no supraconsciente.
A iniciação se processa em torno da vida psicológica dos discípulos, agindo no campo emocional e mental dos mesmos. A alegoria do Arcano 6 ilustra exatamente o mecanismo do ato voluntário da personalidade consciente, figurado pelo Enamorado, que é o homem.
A natureza do homem, sob certo aspecto, é dupla: uma superior, divina, e a outra inferior, animal.
Um discípulo que deseja adquirir conhecimento teosófico, visando a Iniciação, movimenta uma alta força, uma aspiração da alma em prol do seu aperfeiçoamento que, partindo do mental superior, invoca em seu auxílio a Vontade para a realização do ideal concebido.
Interpretações Adivinhatórias
Thiphereth - Beleza moral. Amor, laço unindo os seres. Esfera anímica sofrendo atrações e repulsas. Simpatias e antipatias. Afeições puras, estranhas à atração carnal.
Aspiração. Desejos, votos. Liberdade, escolha, seleção, livre arbítrio. Tentação, provação, dúvida, incerteza, irresolução, hesitação.
Sentimentalismo. Indecisão. Negócio que fica em suspenso. Promessas. Desejos não realizados.
2 comentários:
Menina,
Como fui chegar até você por causa de uma foto... sensacional!
Será que estava escrito no tarô?!
Eu gosto muito de tarô, embora poucas vezes tenham colocado as cartas para mim. E só por amigos...
É que tenho uma amiga espanhola que joga tarô e outra que já fez curso e fui ficando curiosa em conhecer mais.
No entanto, o pouco que sei de tarô, acho fantástico pois tem tudo a ver com astrologia e já li muito sobre astrologia, fiz mapa e até sei interpretar um pouco.
Legal te conhecer então...
Vou linkar você no meu outro blog.
Beijos,
Carol
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