Quem sou...

Atendo sob o nome de Karussa, sou natural de São Paulo, capital.

Formada em Administração (UNIP São Paulo) e meus estudos com o Tarô iniciaram-se em meados de 1978. Sou neta de ciganos russos e iniciei meus estudos com minha avó materna.

Comecei a trabalhar com o Tarô em 1995. O uso do Tarô para mim surgiu como uma proposta de renovação em minha vida.

Trabalho com a Cruz Celta dupla, um método que me permite uma leitura mais clara e objetiva. Assim, tenho como orientar melhor os consulentes.

Além das cartas - sua filosofia e estudo - utilizo a Neurolinguistica como coadjuvante em trabalhos terapêuticos.

Gosto de mostrar ao consulente as possibilidades de resolver a situação que o perturba ou orientá-lo como evitar determinados problemas. Não penso que o Tarô pode mostrar somente o futuro, mas o vejo como uma forma de orientação em vários aspectos da vida.

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domingo, 25 de novembro de 2007

Papa



O Arcano 5
Esta carta mostra uma figura masculina com todas as insígnias de um importante mandatário da Igreja. Trata-se do Grande Sacerdote. Está sentado em um trono do qual só se vê duas colunas do encosto traseiro. Já não há cortina entre elas, pois não há nada a ocultar. O rosto do Grande Sacerdote também não está velado. Ele mostra francamente o rosto; também não tem nada a esconder.

Seu cabelo e barba brancos mostram que ele é um ente espiritual. Nunca se tornará mundano mesmo que esteja atuando no mundo terreno-material. Sempre permanecerá espiritual.

O grande sacerdote usa uma tiara amarela com três aros dourados ao redor e termina no alto com uma cruz, símbolo do mundo material. Os três aros simbolizam os três mundos sobre os quais exerce seu poder, ou seja, o céu, a Terra e o inferno. Ele pode abri-los ou fechá-los aos homens, pode fazê-los entrar ou sair deles.

Sua roupa se parece com a da Grande Sacerdotisa. Seu ser interior está impregnado de amor universal. Por isso traz uma roupa azul no corpo. Por cima, usa um casaco vermelho que lhe cobre toda a figura. Por meio desse casaco, o Grande Sacerdote revela para o exterior sua grande espiritualidade. A barra amarela do manto indica que ele revela sua espiritualidade através de idéias e palavras. A cor verde da face interior do casaco significa simpatia, bem-querer e cordialidade.

Ele usa luvas brancas com cruzes azuis na parte superior. Isso significa que, mesmo se entrar em contato com o mundo material, suas mãos continuarão sempre limpas, a despeito de todas as impurezas deste mundo terreno. Na mão esquerda, segura um cetro que termina numa cruz tripla. Como os aros dourados de sua tiara, este simboliza os três mundos: o céu, a Terra e o inferno.

Há duas figuras ajoelhadas à sua frente. Suas roupas revelam que são opostos complementares. A gola de uma delas é vermelha e o casaco escuro; a outra tem gola escura e casaco vermelho. Uma tem cabelos claros, a outra escuros. As duas figuras simbolizam o pólo positivo e o negativo, mas ao mesmo tempo simbolizam os dois sexos, o positivo-masculino e o negativo-feminino. A figura masculina de cabelo preto olha para o Grande Sacerdote e ouve pensativa. A figura loura, feminina, oculta o rosto nas mãos e parece estar assustada.

O homem moreno coloca sua mão direita nos ombros dela, animadoramente. Os dois simbolizam o estado interior de alma de um homem que está no nível da carta do tarô O Grande Sacerdote. Sua natureza positivo-masculina já tem a coragem de seguir suas convicções interiores, mas nele o âmbito físico-terreno está assustado e lhe dá a impressão de que talvez possa perder algo valioso. No entanto, a verdade atua fortemente sobre ele e a cada experiência ele se espiritualiza um pouco mais. Isso lhe dá forças para viver segundo suas convicções íntimas.

Ele sente que não precisa deste mundo, apesar de viver também neste mundo. Sabe que tem de se arranjar com seus desejos e que tem de controlá-los. Já alcançou tanto autocontrole que venceu a batalha contra o impulso da automanutenção. Comer e beber já não são mais um meio de obter prazer. Portanto, venceu seus desejos.

Agora, entretanto, precisa pôr ordem em sua vida sexual, para dirigi-la na trilha correta. Compreende que não é um ser sensual, mas que através do sexo tornou-se um ser humano. Percebe com clareza que seu espírito não tem sexo e que, quando o espírito do homem despertar e se tornar consciente, não se sentirá mais como "homem" ou "mulher", mas sim como "ser humano". Sabe que, ao atingir o objetivo, torna-se andrógino. Mesmo que seu corpo só revele uma parte do todo, portanto um dos sexos, sua consciência, entretanto, transcende o sexo. Este homem tenta viver segundo essa sua visão, e tornar-se como uma criança, mesmo que nem sempre tenha sucesso.

Durante este período de trabalho aprende a conhecer várias verdades. Faz em si mesmo a experiência de que seu corpo não representa um mero envoltório vazio para conter seu espírito, porém está, como uma esponja com água, impregnado com as forças do espírito. E as forças do corpo que provêm do espírito, mas que atuam na sua consciência, são tão fortes como ele mesmo, visto que essas energias são ele mesmo em forma materializada. Por isso é tão difícil dominar essas forças e permanecer conscientemente acima delas, porque é o mesmo que enfrentar a si mesmo.

Seu Eu superior lhe dá aulas, da mesma forma que o Grande Sacerdote ensina as duas figuras. E, cada vez ele enxerga melhor, e compreende os estreitos inter-relacionamentos que existem entre seu Eu espiritual e seu Eu instintivo que ainda não quer libertá-lo. A verdade, entretanto, é mais forte, e ele compreende que é capaz de sentir alegrias reais e verdadeiras, realizando o amor na união física apenas quando essa união é a manifestação de uma unidade espiritual muito mais profunda. E começa a procurar uma parceira, de preferência compreensiva e amiga, de forma que haja um relacionamento íntimo e um encontro de mentes.

Ele compreende que, ao lado da sua vida interior, também precisa organizar e harmonizar sua vida exterior, a fim de resolver seus problemas; para obter satisfação interior ele precisa encontrar o denominador comum da sua vida exterior e interior. Pode parecer estranho dizer isso, mas o destino o ajuda a conseguir o que ele busca pois, na medida em que um poder invisível testemunha seus esforços interiores, a Providência lhe traz novas possibilidades e novas tarefas em sua vida pessoal terrena.

O simples fato de cada vez mais pessoas virem pedir-lhe conselhos ajuda-o a abandonar seu modo anterior de vida. Ele tem de organizar sua vida de tal forma que possa devotar mais tempo e energia aos seus semelhantes. Ao fazer isso, ele mesmo terá de conhecer a vida de vários ângulos diferentes e aprender a ocupar-se com muitos problemas difíceis que os que procuram ajuda lhe apresentam.

Dessa maneira, ele percebe que o céu, a Terra e o inferno de fato existem, não como lugares, mas como estados humanos. Em última análise, o estado íntimo e o tipo de vida que o homem leva dependem dele mesmo. Gradualmente, ele descobre que o homem sofre porque está pronto para um nível novo, mais elevado. O homem sofredor alcançou um novo marco no grande caminho. O sofrimento o impele a escalar a próxima etapa em que suas aflições cessam subitamente, porque os problemas que ele achara opressivos e difíceis de resolver até agora deixam de ser tão graves quando vistos de um ângulo diferente.

Portanto, o homem luta no mundo interior bem como no exterior. Através dessa luta ele faz progressos, eleva-se mais alto, seu horizonte se amplia e ele se torna cada vez mais consciente do seu ser.

À quinta carta do tarô, O Grande Sacerdote, corresponde o número 5 e a letra HE.

Os iniciados chamam o número 5 de número de Cristo ou número do Logos. O número divino da plenitude, da criação, é o número 10. Metade dessa soma é 5. No corpo das criaturas vivas, a simetria exige que o Logos divida o número 10 em dois lados simétricos, e em ambas as partes, a metade do número 10 está atuante, ou seja, o número 5. Os seres humanos têm 5 dedos em cada mão. Da mesma forma, têm 5 artelhos em cada um dos pés. Têm 32 dentes; a soma desses dígitos é 5. A arcada dentária superior tem 16 dentes, o total dos dígitos é 7; a inferior também tem 16 dentes, soma total 7. Juntas somam 14, e a soma desses dígitos é novamente 5. Portanto, o número de Cristo aparece repetidas vezes.

O número dos sentidos também é 5: audição, visão, olfato, paladar e tato. E se forem adicionados os dois braços e as duas pernas juntamente com a cabeça, as 5 extremidades do corpo humano, mais uma vez aparece o número 5.

O corpo humano cabe, assim, na estrela de 5 pontas e a corrente vital circula pelo corpo na forma dessa estrela. Por isso, o lado direito do corpo é animado pela corrente positiva, e o lado esquerdo, pela corrente negativa.

O fato de o número 10 se manifestar na natureza como duas metades complementares, simétricas - duas vezes 5 - salta curiosamente à vista quando se adiciona os números de 1 a 10: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 55, juntos, 5 + 5 = 10! A carta do tarô, O Grande Sacerdote, complementa a carta 2, A Grande Sacerdotisa, pelas mesmas razões (2 x 5).

Na Cabala a letra HE corresponde à quinta sephirah, que é chamada Gevurah e significa medo, julgamento, força. Em hieróglifos significa respiração. A vida é continuamente criada e preservada através da respiração, e disso surge a idéia da espiritualização completa.


Interpretação Oculta
A Quinta Lâmina do Tarô corresponde ao 5 dos algarismos arábicos. Na língua semita equivale ao HE, que dá a idéia de Vida e Respiração, isto é, a Vida expressa pelo hálito vivificador e sustentador dos mundos e das formas viventes. É o Fluxo de Vida Espiritual animando todos os seres e planos da Natureza, quer sejam considerados orgânicos ou inorgânicos, desde o átomo até o ser mais sutil.

Diz a tradição: "Quando exala o sopro que sai das narinas de Brahmâ, do Eterno, do Supremo Arquiteto, formam-se os Universos, mas quando Ele inala este sopro, os Universos desaparecem no seio da Divindade".

Este Arcano expressa o pulsar rítmico da Natureza. No mundo humano é a Inteligência ligada ao domínio de Prâna através da respiração, do Pranayâma.

A realização interna deste Arcano pelo discípulo possibilita-lhe a compreensão das coisas abstratas, da metafísica e das leis de natureza subjetiva. Dessa forma, o neófito amplia grandemente a Consciência Psíquica. Equilibra perfeitamente a ação da emoção com a inteligência, dando-lhe a capacidade de assimilar a Sabedoria Transcendental e Divina. Permite-lhe sentir e querer as coisas de maneira decisiva e positiva. Cumpre o seu dever como se fosse um Código Moral, que passa a ser um elemento integrante da sua personalidade.

Percebe ainda o conteúdo das formas, ou seja, da essência que as anima - a Quinta Essência Divina. É o dom com que os homens dominarão qualquer dimensão.

Os regentes dos movimentos religiosos e sacerdotes deveriam ter formação iniciática, a fim de serem os conselheiros espirituais dos reis, governantes e estadistas. De modo que estes não cometeriam atos prejudiciais à evolução física e psíquica dos povos.

Analisando este Arcano sob o ponto de vista prático, verifica-se que seu sentido objetivo está perfeitamente enquadrado na função sacerdotal. A função sacerdotal sempre foi ligada diretamente ao Poder Espiritual. Na Ciência Sagrada, os Sacerdotes tinham como escopo condensar a energia espiritual. Por isso, cabe a esta casta a delicada missão de iniciar as humanas criaturas. Infelizmente, nos dias de hoje, tal função está bastante desviada do eixo verdadeiro.

Os Sacerdotes, através da liturgia, devem proporcionar ambiência própria para que haja nos seres humanos a manifestação da Consciência Espiritual. No antigo Egito os Sacerdotes eram denominados Hierofantes e procuravam fazer despertar na coletividade a Consciência Superior.

Neste Arcano 5 o Hierofante está entre dois seres. O que fica à direita representa a Liberdade e o da esquerda, a Necessidade. O da direita expressa o Livre Arbítrio e o da esquerda a trama do Destino.

O Hierofante simboliza o Jivanmukta, Aquele que se libertou dos liames que o prendiam ao Mundo das Causas e dos Efeitos, porque passou a agir sem se ligar às ações.

O Grande Sacerdote, o Hierofante, o Jivanmukta, são os que dominaram o Hálito Divino e, conseqüentemente, todas as dimensões. Aqueles que conquistaram a libertação espiritual são possuidores de dons, com os quais podem orientar os homens através dos Três Caminhos: da Ação, da Pureza e do Conhecimento (Karma, Bakti e Jnâna Yoga), no desenvolvimento progressivo da Vontade pelo trabalho e da ação, da Inteligência pela instrução e conhecimento das Leis Divinas, e da Emoção, pela educação da sensibilidade em todos os aspectos.

De acordo com o que foi exposto, o Arcano 5 se refere ao Matrimônio Místico, à União da Alma com a Divindade. Na realidade, é um estado evolutivo onde o Místico se consagra à sua missão acompanhado de poder e sabedoria. Ele conhece e sente seu componente divino e sua vida logra uma nova posição, onde a serenidade lhe traz júbilo e alegria.

O Grande Sacerdote representa a Rosa desabrochada ao centro da Cruz, flor idêntica à Estrela Flamejante dos Maçons, que é um Pentagrama onde inscreve-se a letra G, que significa Gnose (conhecimento, instrução iniciática).

O poder espiritual do Grande Sacerdote está representado no seu cetro, que é uma cruz com sete braços. A Cruz Pontificial lembra assim a Árvore dos Sephiroth, com as extremidades significando: Discernimento, Razão, Energia Ativa, Generosidade, Imaginação, Sentimento e Disciplina.

Interpretações Adivinhatórias

Geburah - Rigor, Severidade; Pechad - Punição, Receio; Din - Julgamento, Vontade que retém ou governa a Vida doada. Consciência, Dever, Lei Moral. Inibição, Restrição, porque é preciso abster-se de fazer o Mal, antes de consagrar-se ativamente às boas obras.

Sacerdócio, Ciência Religiosa, Metafísica, Cabala, Ensino. Saber (oposto a Poder). Autoridade, Certeza, Segurança. Influência sugestiva, exercida sobre o sentimento e o pensamento de outrem.

Afabilidade, Benevolência, Bondade, Generosidade.

Um diretor de consciência. Médico da Alma. Conselhos morais. Função conferindo prestígio.

Na polaridade oposta: imoralidade, porque os defeitos se substituem às qualidades, quando um Arcano se torna negativo.

Imperador




O Arcano 4
Esta é a imagem de um homem forte com todos os atributos de um regente. Senta-se sobre um cubo como se fosse um trono. Ele rege o mundo da matéria. Os romanos o denominam Júpiter. O fato de estar sentado sobre o cubo representa o sinal de Júpiter.

O rei usa um elmo amarelo enfeitado de vermelho, cuja forma é de seis pontas no alto como se fosse uma coroa. Essas pontas indicam uma estrela hexagonal, formada por dois triângulos entrelaçados. Quando estes são projetados para a terceira dimensão, formam-se dois tetraedros entrelaçados, os quais estão ocultos dentro do cubo.

A cor amarela do elmo mostra que o rei manifesta seus elevados poderes espirituais e sua sabedoria nos pensamentos, na fala e na escrita. Os contornos vermelhos do elmo, por sua vez, indicam espiritualidade e sabedoria. A cor escura do cabelo e da barba é simbólica e significa a preocupação com o mundo material. Na mitologia romana, trata-se de Júpiter, na grega é Zeus, o deus do conhecimento e o regente celestial da Terra.

O seu ser interior está vestido de vermelho. Contudo, só é possível ver essa roupa nas pernas, sobre os joelhos e nos braços. O resto da roupa íntima está coberto com outras peças de vestuário. Sobre o peito e nos ombros, o rei tem uma couraça azul-clara. Na parte da frente, sobre o peito, vê-se à direita o Sol e à esquerda a Lua. A couraça indica o fato de ele não ser influenciável e mostra a sua força de resistência contra os inimigos e os ataques do exterior. O Sol e a Lua indicam que ele une em si mesmo essas duas grandes forças, a positivo-masculina e a negativo-feminina, que dispõe das duas energias e que trabalha com elas no universo. Ao redor do pescoço ele tem uma grossa corrente dourada que simboliza o seu grande bom senso.

A couraça está ornamentada com uma orla em padrão geométrico cuja borda é amarela e em parte cobre o uniforme azul e as mangas azuis. Isso indica espiritualidade, boa vontade e gentileza. Os pés estão calçados com meias azuis, o que significa que os seus passos sempre são conduzidos pelo amor e pela humanidade. Na mão direita ele segura um poderoso cetro que termina em três grandes folhas em forma de taça, uma flor-de-lis. O rei segura o cetro na mão direita, o que demonstra que ele trabalha com as forças masculino-positivas.

Na mão esquerda o rei segura um globo imperial verde. Este significa que ele tem poder sobre o mundo terreno. Esse poder, no entanto, não é a violência rude, mas a força irresistível do amor universal. Por essa razão, o globo imperial na sua mão é tão grande e tem a cor verde.

O rei está sentado sobre um grande cubo amarelo, no qual se vê o desenho de uma águia marrom. O cubo é a mais simples das formas de cristalização da matéria, a forma cristalizada dos sais. O fato de o rei estar sentado sobre um cubo significa que apesar de ele se encontrar acima da matéria graças à sua espiritualidade, ainda assim precisa dela e do mundo material como base estável em que fundamenta sua atividade. Ele domina a matéria e também a usa para transformar forças materiais em forças espirituais. Para revelar este fato, o rei assume tal postura, de modo que suas pernas formem uma cruz, o símbolo da matéria.

O cubo representa uma matéria muito delicada através da qual o rei demonstra a sua sabedoria. Essa matéria é o cérebro humano. É essa a razão de o cubo ser amarelo. Trata-se de matéria inteligente. Os homens revelam as verdades superiores, seus conhecimentos e as idéias divinas do rei do céu através do cérebro. Sem isso, o rei não poderia expressar sua sabedoria nas idéias, na fala e na escrita, nem transmiti-las. A águia escura é o símbolo da matéria, que, no entanto, não mais revela os instintos inferiores e rasteja pelo solo como um escorpião, mas que serve à revelação de pensamentos elevados e do mundo espiritual e voa como águia, bem alto no céu. A águia vira a cabeça para a direita, portanto para o lado masculino-positivo, simbolizando com isso que a força com a qual o rei atua sempre é a masculino-positivo-doadora.

O significado desse cubo pode ser melhor entendido com a referência à Caaba, o ponto central do culto religioso dos maometanos, em Meca. A Caaba é uma construção notável em forma de cubo que, segundo a tradição, já foi edificada assim ainda antes de Abraão. Em todo o mundo, os maometanos viram-se na direção da Caaba ao rezarem. E cada maometano, tão logo surja uma oportunidade, faz uma romaria para a Caaba, ao menos uma vez durante a sua vida. No interior da Caaba há doze lâmpadas de prata no meio de três colunas, entre as quais fica a décima terceira. As três colunas simbolizam a trindade divina e as doze lâmpadas, os doze signos zodiacais com o Sol na posição central. A Caaba não tem janelas; apenas uma única porta que está a sete pés de altura e aonde se consegue chegar só com a ajuda de uma escada de sete degraus. Os maometanos chamam a Caaba de "a casa de Deus", o que nada mais é do que o próprio homem. O simbolismo da Caaba está tão claro que quase não é preciso explicá-lo: a Caaba é o cubo, a matéria, o corpo do homem, no qual habita o Eu divino, Deus. As três colunas representam a trindade divina, que reanima o corpo com as forças divinas do Logos.

Cristo disse: "O reino dos céus está em vós." (Lucas, 17:21). O mesmo símbolo, o cubo que contém o princípio divino mostrado aqui como o cordeiro que se oferece em sacrifício, aparece no Apocalipse. João descreve em sua visão: "E veio a mim um dos sete anjos do Senhor... e falou comigo dizendo: 'Aproxime-se que lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro. A consciência do homem que busca a unidade com o princípio divino.' E me levou em espírito até uma grande e alta montanha, mostrando-me a grande cidade, a cidade sagrada de Jerusalém, manifestação do céu de Deus. E o que falava comigo tinha uma vara de ouro, com a qual queria medir a cidade, suas torres e muros. E a cidade era quadrada, a largura, o comprimento e a altura da cidade são idênticos. (Portanto, um cubo!). E a cidade era toda de ouro, e as ruas eram de ouro, polido como vidro. E não vi templos na cidade; pois o senhor, o Deus todo-poderoso, é seu templo e seu Cordeiro. A cidade não precisa nem de sol nem de lua, para que haja luz: a majestade de Deus a ilumina, e o seu brilho é o Cordeiro." (Apoc. 21:9-23).

Na frente do rei, encontra-se a mesma flor que já foi vista atrás do mago, quando ainda em botão. No caso do mago, a flor significava que o homem ainda não estava consciente de que grande parte do seu ser ainda está por trás do seu consciente, ainda está no inconsciente. Aqui a flor já se encontra diante do rei do céu e começa a se abrir. Portanto, a flor não é mais um botão.

Neste nível, o homem já está mais consciente do que no nível do "Mago". Já domina o próprio corpo, controla a própria forma material. Até certo ponto, já tem autocontrole. Usa o corpo como fonte de energia e transforma as forças físicas em forças espirituais, acelerando assim o seu progresso no longo caminho que leva ao grande objetivo.

Agora a sua alma não é mais um botão; desdobra-se gradativamente e irradia a luz divina, o amor. Reconhece que o seu nível espiritual não depende tanto do quanto sabe, e sim muito mais da quantidade de amor que manifesta ter. O que ele aprendeu e alcançou intelectualmente precisa ser concretizado. O homem não deve guardar para si sua experiência e conhecimento; precisa transmiti-los aos que ainda não foram iniciados e que vêm depois dele. Já tem autocontrole e controla os desejos físicos.

Por isso usa o poder assim adquirido para ajudar a si e também aos seus semelhantes. Vê o grande objetivo e devota toda a sua vida à tarefa de tornar-se mais espiritualizado, ao mesmo tempo em que induz os outros a uma maior espiritualidade. Ele leu e aprendeu como falar sobre as verdades divinas. Ao mesmo tempo, no entanto, adquiriu experiência individual e pode transmitir seus tesouros para outras pessoas. Mais e mais pessoas vêm procurá-lo pedindo conselhos e ajuda, e ele tenta aliviar os sofrimentos humanos. Ajuda quando é possível e manifesta compaixão e amor. O amor universal se desenvolve no seu coração da mesma forma que a flor abre suas pétalas.

À figura do rei atribui-se o número 4 e a letra Daleth.

Através do mundo e em cada religião, o quadrado e a cruz são os símbolos da matéria. Nas duas hastes da cruz, tempo e espaço, o espírito do mundo, Logos, Cristo, é crucificado. O presente absoluto está no ponto de intersecção das duas hastes da cruz. É onde se unem o tempo e o espaço. Para os espíritos encarnados, este ponto, o absoluto presente, é a única possibilidade de atingir a Redenção, a Libertação enquanto no corpo.

Na visão de Ezequiel também se vê o simbolismo do Arcano 4 nos quatro grandes sinais do Zodíaco: leão, touro, anjo e águia.

A letra Daleth é a representação do princípio animador e ativo do universo. Daleth corresponde à quarta sephirah, Hesed, que significa amor e gentileza.

Interpretação Oculta
Os ocultistas classificam este Arcano com o primoroso nome de o Imperador.

O número quatro traz sempre a idéia de realização. Na Lâmina Quatro, se vê o Imperador (Grande Arquiteto do Universo) sentado em um trono expresso pela Pedra Cúbica, a famosa Pedra dos Maçons.

Fazendo uma breve recapitulação dos Arcanos anteriores, verifica-se que: o Arcano 1 é o Criador Espiritual, a Vontade, o Princípio Ativo; o Arcano 2 é o Princípio Plasmador, ativador da Vontade, a Sabedoria Divina; o Arcano 3 é a Geração, a Atividade, a Regência da forma, e o Arcano 4 é a Realização, o Construtor Físico, o Poder Governante.

Este Arcano também faz referência às quatro virtudes do hermetismo: ousar, saber, calar e querer.

A Igreja de Melquisedec

O Arcano 4 tem relação direta com o Supremo Governante do Mundo: o Rei Melquisedec (ou Melk-Tsedeq) e a sua igreja. Há uma antiga tradição que afirma a existência, no mundo, de uma "Igreja Santa", que torna a ligar (religare) o homem a Deus, sem necessidade de sacerdócio nem outro qualquer intermediário. Todo ser iluminado, diretamente ou por iniciação, desde que esteja de posse de certos Mistérios, faz parte do Culto, que tem o velado nome de Igreja de Melquisedec. Tal culto sempre existiu, por ser o da mais preciosa de todas as religiões: a da Fraternidade Universal da Humanidade.

A sua origem procede dos meados da Terceira Raça Mãe (Lemuriana), pouco importa seu nome naquela época, se com o decorrer dos tempos, recebe o de Sudha-Dharma-Mandalam, na antiga Aryavartha (Índia).

Por isso que, tal Fraternidade ou "Culto Universal" - que é o do Amor, da Verdade e da Justiça - se compõe de Sete Linhas, cada uma delas com o respectivo Raio.

O Sacerdócio de Melquisedec (o pão e o vinho) deve ser interpretado como uma "prefiguração da Eucaristia". E o próprio sacerdócio cristão se identifica, em princípio, ao de Melquisedec, segundo a aplicação das seguintes palavras dos Psalmos feitas ao Cristo: "Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melquisedech".

Jeoshua Ben Pandira (Jesus) distribuiu entre seus discípulos pão e vinho, o que deu origem ao termo "Ceia do Senhor", pois como um Iluminado, Adepto ou Homem Perfeito, conhecia todos os ensinamentos da referida Igreja de Melquisedec.

Essa mesma Igreja até hoje ensina aos homens que para ela se acham atraídos, a se religarem à sua origem. Trata-se da interpretação da Parábola do Filho Pródigo "que volta à casa paterna", fenômeno comparável à Teofania dos Neo-Platônicos e o verdadeiro sentido do termo Teosofia, como "Sabedoria Divina", dos Deuses, dos Mahatmâs, dos Gênios, dos Jinas.

O Arcano 4 não poderia ser representado de maneira mais adequada na esfera celeste senão por Hércules, revestido da pele do Leão de Némea, armado com sua funda e munido do ramo que traz as maçãs do Jardim das Hespérides. Esses frutos são os do Saber Iniciático, são conquistados com muita luta e recompensam o herói que realiza os doze trabalhos, tornando-o Adepto devotado à Grande Obra.

Interpretações Adivinhatórias

Chesed - graça, misericórdia, perdão, ou Gedulah - grandeza, magnificência; designação do quarto ramo da árvore dos Sephiroth ou números cabalísticos; poder que dá e expande a Vida, bondade criadora chamando os seres à existência, princípio animador, luz criadora espalhada entre as criaturas e condensada no centro de cada individualidade; Enxofre dos Alquimistas, fogo, vital aprisionado no germe, verbo realizador encarnado, fogo, agente, esposo místico e filho da substância anímica (Imperatriz).

Energia, poder, direito, vontade, fixação, concentração, certeza absoluta por dedução matemática, constância, firmeza, rigor, exatidão, positivismo.

Na polaridade oposta: espírito dominador, influenciando outrem a se deixar influenciar; calculista, fiando-se apenas no raciocínio e na observação positiva; caráter imutável em suas resoluções, teimosia; falta de ideal ou de intuição; protetor poderoso ou adversário temível; tirano, déspota sofrendo por choque de retorno à influência dos fracos; masculinidade brutal indiretamente submetida à doçura feminina.

Imperatriz



O Arcano 3

Vê-se na figura uma mulher jovem que não usa véu. A bela face revela francamente a sua natureza. Ela encara, olha de frente para os olhos de quem a vê, nada quer ocultar.

Traz uma coroa com três pontas na cabeça. Isso significa que ela reina sobre os três aspectos da vida, o nascimento, a vida e a morte. Contudo, também significa que é rainha do espaço, das três dimensões. Ela reina sobre todo o universo. É a rainha do céu, é o aspecto feminino procriador de Deus: a Natureza.

Ela está sentada completamente imóvel em seu trono, assim como suas leis são inflexíveis e imutáveis. Traz em si mesma o grande segredo, o mistério pelo qual o espírito se une à matéria e através do qual o divino se torna humano. Este mistério é a procriação. No entanto, ela mesma é a grande virgem casta, que gera miríades de criaturas vivas sem ter sido tocada por um ser do sexo masculino. Os dois mundos que na Grande Sacerdotisa ainda estavam separados, o aquém e o além, unem-se na rainha do céu. Mas ela dispõe do mundo material e espiritual, uma vez que tem o poder de mantê-los juntos ou de separá-los. Depende dela e de suas leis se um espírito encarna e nasce neste mundo, ou se um espírito já encarnado se desprende do mundo material e o seu corpo morre.

Sua cabeça está emoldurada por um círculo branco, que mostra a pureza imaculada, que ela irradia. Nesse círculo branco vêem-se doze estrelas, das quais três estão invisíveis atrás da cabeça da rainha do céu. As doze estrelas são o zodíaco, respectivamente os doze âmbitos celestes, com o que fica simbolizado o seu domínio no universo.

Ela tem duas asas azul-claras. Quando as desdobra, ela dispõe da capacidade de flutuar e de voar no espaço infinito.

Seu vestido bem justo no corpo é vermelho, portanto no âmago do seu ser ela é inteiramente espiritual, positiva. A bainha amarela mostra sua grande inteligência, que ela revela por meio dos cérebros humanos.

Sobre o colo ela traz uma capa azul-celeste jogada sobre o braço direito e tão comprida que as duas pernas ficam cobertas até o chão. A capa e sua luminosa cor azul simbolizam a infinita abóbada celeste que é seu reino; mas também representa sua imaculada pureza. A cor verde da parte de dentro da capa azul significa seu bem-querer e sua simpatia por tudo o que vive, por todos os seus filhos.

A vara de condão do mago, em sua mão, tornou-se um grande cetro, o qual tem na parte superior o símbolo da Terra e no inferior um globo imperial. Este símbolo consta de uma esfera que tem uma cruz na parte de cima. Significa que aqui na Terra predomina a lei da matéria e que o espírito precisa reconhecer essa lei. O cetro mostra a poderosa e grande força da natureza sobre os três mundos, sobre o céu, a Terra e o inferno. As leis da natureza são invencíveis.

A rainha segura o cetro na mão esquerda; isso significa que ela reina com força irresistível o eterno-feminino e a mãe. Na mão tem um escudo sobre o qual está representado o grande símbolo dos alquimistas, a águia branca contra um fundo vermelho. A águia representa o símbolo da pureza e da castidade da rainha do céu, a força sexual sublimada, utilizada por ela mesma apenas em sua forma espiritual, como força criadora. A águia vira a cabeça para a esquerda, isto por sua vez representa a força negativo-feminina da rainha. O céu vermelho em segundo plano indica o poder do feminino que representa as forças positivas do espírito.

O pé direito da rainha não está visível. O esquerdo repousa sobre um crescente lunar virado para baixo. O crescente lunar virado para cima significa a suscetibilidade e a capacidade receptiva no que se refere às forças espirituais. Virado para baixo indica a suscetibilidade e a capacidade de recepção para a força criadora do masculino. A rainha do céu não se deixa fecundar pela força criadora material terrena, ela é e permanece casta, mas em seu reino, na natureza, permite que os sexos separados em sua forma material se tornem outra vez um. Ela deixa que o feminino, o receptivo, seja fecundado e saciado pelo masculino-positivo doador.

Desta forma, a rainha do céu consegue que o divino se torne humano, que o espírito se una à carne, que os dois mundos, o espiritual e o material, se tornem um novo ser vivo. A rainha do céu, a natureza, possibilita então que o espírito se encarne no mundo material.

Sobre o trono, ao lado da rainha floresce um lírio branco. Este também simboliza a pureza, a castidade; simboliza, sobretudo, a saúde da rainha do céu, da natureza. A natureza se esforça continuamente por manter seus filhos, miríades de seres vivos, saudáveis, dando-lhes seus impulsos instintivos que fazem com que busquem fazer sempre o que é melhor por sua saúde. Mas, se ainda assim ficarem doentes, ela os ajuda a recuperar a saúde. O lírio traz em si uma intensa energia de cura. Por direito, é o símbolo da pureza e da saúde.

Esta bela imagem feminina pode ser encontrada em todas as grandes religiões como o aspecto feminino de Deus. Ela é a natureza, a grande Mãe, que concebe miríades de seres vivos e dispõe do poder sobre a vida e a morte. Povos diferentes lhe dão nomes diversos. Os egípcios antigos denominavam-na de Ísis; na religião hindu é conhecida como a venerável grande mãe Kali, enquanto na religião cristã ela é a Madona. No Apocalipse de João ela é assim descrita: "E apareceu um grande sinal no céu; uma mulher vestida como o sol, com a lua sob seus pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça". (Apocal. 12:1).

O homem que se encontra neste nível do tarô aprende a conhecer a grande rainha celestial, a Natureza. Ele é um "buscador" e começa no momento a pesquisar os seus segredos. Não tenta mais afrontar a Natureza comportando-se de modo insensato, mas harmoniza-se com ela, passando a viver com ela e não em oposição às suas leis. Este homem vive de acordo com a imposição do íntimo: a saúde é um dever! Tenta fazer com que as forças da natureza atuem nele, tornando o seu corpo saudável, e deseja mantê-lo assim. Começa a experimentar vários sistemas de cura e de nutrição; não come mais carne, além de não beber nada que seja artificialmente produzido, pois essas bebidas estimulam seus desejos inferiores e lhe causam a excitação dos sentidos. Portanto, começa a conhecer e atender os desejos interiores da natureza, que até então pensava serem seus instintos animais aos quais não prestara atenção. Reconcilia-se desta forma com a natureza contra a qual cometeu muitos pecados. Reconhece a natureza como a força que rege o mundo visível e o seu corpo. O resultado desses esforços, entretanto, é o seu reconhecimento do fato de que todo fenômeno físico tem uma causa emocional e que cada doença pode então ser atribuída a uma perturbação emocional.

Portanto, ele descobre que se observar a sua alma, e obter a harmonia interior e a saúde espiritual, seu corpo também se tornará saudável. Essa verdade o leva à nova descoberta de que existe algo que transcende o domínio da Natureza. Descobre algo ainda melhor, descobre que essa coisa pode reger a Natureza. Trata-se do seu espírito, do seu próprio Eu superior. Descobre sua capacidade de se tornar dono da Natureza, de controlar e de trabalhar em conjunto com as forças da Natureza, no caso de o seu Eu tornar-se o mestre da sua alma e do seu corpo. Mas isso só acontece depois que reconhece as leis da Natureza! Pois se as reconhece, será capaz de deixar essas magníficas forças atuarem não só em si mesmo, mas também no mundo exterior.

Dessa forma, o "buscador" tenta reconhecer as leis da Natureza, porém atua com o intuito de deixá-las agir dentro dele segundo sua própria vontade. Remove todos os obstáculos que seu anterior modo tolo de viver colocou no caminho da Natureza. Inicia a prática do autocontrole e da concentração mental.

É assim que une em si mesmo os dois mundos, este e o outro, ao passo que enquanto ainda estava no estágio da "Grande Sacerdotisa", queria conhecê-los separadamente. Ele permite que seu espírito, seu Eu, que sempre foi e que sempre permanecerá imaterial, do outro mundo, controle o seu ser físico; o homem deixa de ser escravo dos seus desejos e tenta usar seu corpo como um instrumento maravilhoso. Mas não deixa de cuidar do corpo por esse motivo: na verdade, cuida dele com muito carinho, pois de outro modo seu espírito não se poderia manifestar completa e perfeitamente por meio dele. Não se esquece de que seu Eu também ajudou a criar seu corpo, pois compreende que o corpo é a sua imagem, que seu corpo é ele mesmo, mesmo que seja apenas uma remota manifestação do seu próprio espírito. Esse homem faz um grande progresso, visto que percebe que há apenas um universo abrangente e ilimitado, que toda a Criação é uma única unidade indivisível.

A carta da Rainha tem o número 3 e a sua letra é Ghimel. O número 3 representa a harmonia perfeita e o equilíbrio. Também indica a Santíssima Trindade e os três aspectos de Deus, o criador, o preservador e o destruidor. Todos os fatores têm três aspectos. Trata-se das três dimensões do espaço: comprimento, altura e largura; os três aspectos do tempo: passado, presente e futuro; os três aspectos da vida terrena: nascimento, vida e morte; e os três mundos sob regência da rainha do céu: céu, Terra e inferno. Esses três aspectos são manifestações de uma única unidade. No nível da "Rainha do Céu", o homem conscientemente une esses três aspectos num ser, nele mesmo. Ele vive nas três dimensões, no espaço, no tempo e está consciente de que seu corpo nasceu e que morrerá, assim manifesta os três aspectos da vida, embora compreenda que todos esses aspectos se referem apenas ao seu ente mortal. O verdadeiro Eu, o seu ser divino não conhece todos esses aspectos. Não conhece nem tempo nem espaço, vida ou morte, passado ou futuro, pois conhece apenas a eternidade e a vida eterna, só conhece o presente absoluto, o "eterno agora". Nesse momento o homem entende também que céu, Terra e inferno são três estados de consciência e que, conforme o nível com o qual se identificar será feliz ou infeliz. Se se identificar consigo mesmo, com o seu espírito e buscar os prazeres espirituais, será feliz e, portanto, estará no céu. Durante a sua vida na Terra ele experimentou alegrias e tristezas, mas estas são efêmeras. E caso se identifique com seus impulsos e se torne um escravo do seu corpo, perder-se-á, desesperar-se-á e quando isso acontecer, terá mergulhado no inferno.

Neste nível de consciência o homem já entendeu a Natureza, a rainha, e tenta aplicar na prática, tenta concretizar as verdades que aprendeu e que entende muito bem na teoria.

A letra Ghimel significa a garganta humana onde se formam todas as palavras que nasceram do cérebro. Esta letra simboliza a manifestação material das idéias do intelecto. Na Cabala é a terceira sephirah e corresponde à Binah, a inteligência prática.

Interpretação Oculta
Deus em Aspecto Feminino. A Imperatriz é uma soberana, resplandecente de claridade, simbolizando a Inteligência Criadora. Esta soberana expressa o princípio ou as leis que regem as formas, as imagens, as idéias.

Sobre o número 3, disse Pitágoras: "O número três reina por toda parte e a Mônada é o seu princípio". Com efeito, tudo tem sua origem na grande Unidade. Esta, transformando-se, vai formando a multiplicidade das coisas.

Este Arcano é um símbolo de geração, em todos os planos da Criação. É representado na Mitologia pela Vênus Urânia. É a mulher como princípio animador dos seres. Traduz a idéia de geração e desenvolvimento de novas idéias, de novas formas e, por conseguinte, com a reencarnação.

Interpretações Adivinhatórias

Binah - Inteligência - Compreensão - Concepção abstrata geradora de idéias e das formas - Idealidade suprema - Pensamento concebido, mas não expresso ainda - Domínio do conhecível e inteligível - Discernimento - Reflexão, estudo, observação, ciência indutiva - Instrução - Saber - Erudição.

Afabilidade, graça, encanto, poder de alma, império exercido pela doçura, influência civilizadora. Polidez, generosidade. Abundância, riqueza, fecundidade.

Na polaridade oposta: aparato, vaidade, frivolidade, luxo, prodigalidade, sedução, pose, afetação, exibição de noções superficiais.

papisa




O Arcano 2
A figura representa uma mulher trajando a vestimenta de sacerdotisa, sentada em um trono estranho. Ela está imóvel, é calma, inescrutável, misteriosa e majestosa. É a suma sacerdotisa do templo e guardiã dos seus mistérios. Ela usa uma tiara orlada por dois aros dourados e que termina com uma lua crescente no alto. A lua crescente significa que esta imagem representa um estado passivo, feminino-receptivo em que o homem volta todo o seu interesse e receptividade simultaneamente para dois planos: para este mundo e para o outro. Esses dois planos, esses dois mundos, também são simbolizados pelos dois aros dourados da tiara.

Parte do rosto da grande sacerdotisa está oculto por um véu branco. Isso prova que de modo algum ela revela toda a sua natureza. Seu vestido é longo, justo e azul. Azul indica que no âmago do seu ser ela está repleta da fé pura em Deus, do altruísmo e do amor pela humanidade. Sobre essa roupa, ela usa uma capa vermelha orlada de amarelo. Vermelho mostra a espiritualidade que ela manifesta exteriormente no mundo da matéria. Ao fazê-lo, ela oculta de olhos inquisitivos o âmago do seu ser amoroso simbolizado pela cor azul. A borda amarela do traje significa a razão, que ela demonstra através da linguagem e da escrita. Essa capa está presa ao seu corpo por duas faixas largas em que estão algumas cruzes pequenas. Estas por sua vez significam os relacionamentos íntimos da sacerdotisa, tanto com o reino do espírito quanto com o reino da matéria.

Na mão direita ela segura um livro entreaberto que contém, mas ainda não revela os mistérios dos dois mundos, o aquém e o além. Na capa do livro há um símbolo chinês, a divindade repousando em si mesma, Yang e Yin, na qual os dois pólos ainda permanecem na unidade de Deus. Só ao se manifestarem, esses dois mundos, o material exterior e o espiritual interior, são ostensivamente separados um do outro. Na realidade interior eles sempre pertenceram um ao outro, possivelmente não existiriam um sem o outro. Pois é na tensão que existe entre eles no mundo material que toda a Criação se fundamenta.

Na mão esquerda ela segura duas chaves. São as chaves para este mundo e para o próximo. Ela tem acesso a ambos, ela pode fechar ou abrir os portais, entrar ou sair conforme a sua vontade. Contudo, ela não revela os mistérios desses mundos a pessoas imaturas.

Ela está sentada em um trono. De cada lado do encosto do trono há duas grandes colunas. As próprias cores acima das colunas revelam que a coluna à direita é fogosa, masculino-espiritual e que a da esquerda é úmida, feminino-animalesca. Elas são as duas colunas do rei Salomão, Jakim e Boaz, sobre as quais ele edificou seu templo. Também são as duas pernas do Logos na Revelação. Um pé está em terra, o outro no mar. Esses dois pilares sustentam a tensão entre os dois pólos criadores, o positivo e o negativo, sobre os quais, segundo a Bíblia, repousa o princípio criador, o Logos, à medida que cria o universo. Entre os pilares há uma cortina, que corresponde ao véu da deusa egípcia Ísis. Na filosofia da religião hindu, essa cortina é o véu de maya. Esse véu encobre a verdade misteriosa e absoluta que repousa no inconsciente dos homens, a qual o homem imaturo ainda não pode e não deve ver. Os segredos do inconsciente continuam ocultos dos seus olhos, mas ele já suspeita das forças titânicas que atuam abaixo do nível de sua consciência. Ele acredita que os fenômenos que percebe não surgem do próprio inconsciente, mas do mundo exterior. Assim, ele começa a se preocupar com os fenômenos do ocultismo. Freqüenta reuniões espirituais onde, segundo sua crença, os "espíritos" dos que morreram manifestam sua presença e transmitem mensagens do além. Também comparece a outros círculos e associações que buscam estudar todos os tipos de "ciências ocultas". Portanto, transforma-se em um "buscador".

O chão sobre o qual está o trono da Grande Sacerdotisa é constituído por quadrados coloridos de pedra branca e preta, dispostos como os campos de um tabuleiro de xadrez. As pedras brancas simbolizam o mundo espiritual e invisível; as pretas, o mundo material visível. Tal como esses diversos quadrados estão misturados no chão da imagem, da mesma forma os dois mundos se mesclam na alma do homem que busca, embora ainda não se fundam. O homem já começa a se espiritualizar, mas ainda é terreno-material.

Os dois espaldares do trono, à direita e à esquerda, representam duas esfinges, uma branca e outra preta. Vê-se apenas a esfinge preta; a outra, branca, está invisível, coberta por uma parte do manto da sacerdotisa.

A esfinge é um estágio muito importante do caminho do auto-conhecimento. Sabe-se da mitologia grega, que as pessoas de Cadmus pediram auxílio a Édipo, lamentando-se em voz alta. Pediram que este as livrasse do monstro, a terrível esfinge sentada no alto do rochedo que olhava para a planície e empestava a atmosfera pura com seu hálito. Se não houvesse ajuda imediata, toda a população seria destruída, morrendo de uma morte horrível. Ela só poderia ser espantada por alguém que resolvesse o enigma que propunha. Todos os dias ela resmungava suas incompreensíveis palavras e engolia, sem piedade, cada um que tentasse resolver o enigma e não fosse capaz de fazê-lo.

Édipo perguntou qual era esse enigma, ao que as pessoas chorosas responderam: "A esfinge só diz isso: existe uma criatura que pela manhã anda sobre quatro pernas, ao meio-dia sobre duas e à noite anda por aí sobre três pernas. E quando anda sobre quatro, vai mais devagar. Diga-me, qual é essa criatura?" Édipo foi ter com a Esfinge e quando esta lhe propôs o enigma, ele respondeu: "É o próprio homem. No começo da vida, ainda criança, ele se arrasta de quatro, ao ficar crescido anda com duas pernas e quando fica velho anda com a ajuda de uma bengala". Com um grito terrível, a esfinge saltou do rochedo e desapareceu num piscar de olhos.

O enigma da esfinge, portanto, é o enigma de todo ser humano. E aqui, na figura, como espaldar do trono da Grande Sacerdotisa essa esfinge também significa o grande enigma dos homens - o auto-conhecimento.

O braço esquerdo da Grande Sacerdotisa repousa sobre a visível esfinge preta, e o direito sobre a ainda invisível esfinge branca. Toda a figura da Grande Sacerdotisa mostra o estado de alguém que acaba de despertar, de quem sentiu pela primeira vez a bruxuleante auto-consciência. Essa pessoa percebeu que também existe um "outro mundo" que pode ser encontrado além da sua consciência. Ela começa a se ocupar com o além e vai de uma sociedade dita "espiritual" a outra. Vai a todos os lugares onde existe uma possibilidade de solucionar o grande enigma do Ser.

Já compreende que não está na Terra exclusivamente para cumprir suas tarefas mundanas. Esses deveres mundanos também só são "seus" porque são exatamente estes e apenas estes que ajudam a alcançar o grande objetivo da sua vida: o auto-conhecimento. Qual seja esse grande objetivo ele ainda não sabe, mas sente que esta vida lhe deve alguma coisa, que tem de lhe dar algo de maravilhoso pelo qual esperou toda a vida. Isso deve ser a plenitude, a salvação. Ela ainda não reconhece bem que este objetivo nada mais é do que destruir o véu de maya, o véu das ilusões, desistir de todos os erros e descobrir o seu verdadeiro Eu, conhecê-lo e torná-lo perfeitamente consciente.

Do próprio ser, apenas conhece o lado terreno, consciente, seu ser aparente, o que ela não é, enquanto o seu ser espiritual verdadeiro repousa no inconsciente. Como não sabe onde procurá-lo, busca no além e naquilo que vem depois da morte. Ela quer saber para onde vão os que morrem, pois sabe que também terá de ir para lá. Mas a Grande Sacerdotisa, que conhece todos os mistérios, ainda não abre para ela a porta do além com sua grande chave. E mesmo assim, ela sente que por trás da cortina se esconde a solução do enigma, que encontrará toda a verdade. Assim sendo, não desiste da busca e continua. Aprende Filosofia e Psicologia, estuda as filosofias da religião de todos os países e se ocupa com todas as ciências espirituais. Ela torna-se um buscador sério ou um charlatão, é só uma questão de hierarquia. Pois, por trás das pesquisas do cientista, bem como por trás das brincadeiras infantis dos charlatães se oculta a mesma busca desesperada do homem pelo grande mistério divino do Ser eterno!

A carta da Grande Sacerdotisa tem o número 2 e a sua letra é Beth. O número 2 traz a divisão em si. Não existe unidade que possa conter o número 2. Mas se o número ainda assim se introduzir na unidade, isso significa cisão na unidade, uma queda, e para a alma humana, a morte. Na linguagem terrena, esse estado é representado pelo número 2 em todos os países do mundo: o desespero. Nesta figura esse número representa os dois mundos, aquém e além. Mundos que um buscador traz em si mesmo e que acarretam a sua divisão. Isso o atormenta e ele busca a solução, a "salvação". Por um lado, ele ainda pertence ao lado de cá, à vida material com suas alegrias e sofrimentos materiais; por outro lado, já se interessa pelo que está por trás dela; deseja saber para o que esta vida terrena é boa se no final há o abandono de tudo, e quais os valores que se pode levar junto ao morrer. E se é possível se levar algo ao morrer, para onde irão todos? Esse para onde lhe interessa, pois já descobriu que este mundo terreno é somente efeito, mas não a causa primordial. Este mundo não é uma realidade absoluta, trata-se apenas de uma aparência. Mas onde está a verdade absoluta, a causa, que é eterna e nunca acaba? Ele sabe que onde existe um efeito também tem de haver uma causa. E é a causa deste mundo que o homem quer descobrir.

Mas a Sacerdotisa não ergue a cortina que encobre o santuário, e deixa que o homem imaturo continue a procurar a verdade sozinho. Se ela revelasse ao homem o que é a verdade, este não aproveitaria a lição. Mas se ele mesmo procurar, encontrará a verdade na própria realidade - ele mesmo será essa verdade!

A letra Beth significa hieroglificamente a boca do homem. A Grande Sacerdotisa ainda mantém sua boca fechada. Ela ainda não revela nenhum dos seus segredos e, no entanto, permite que o homem sinta que eles existem, a fim de atraí-lo, fazendo com que se movimente, procurando-os. Ele os descobrirá!

A letra Beth representa o anjo da segunda hierarquia. É a segunda sephirah e corresponde à Chochmah, a inteligência teórica.

Interpretação Oculta
Segundo a tradição oculta, o Arcano 2 representa Deus em Aspecto Feminino.

Ao sair da Unidade, onde tudo se confunde (Arcano 1), chega-se ao domínio do Binário ou da distinção: é o átrio do Templo de Salomão, onde se erguem as duas colunas Jakim e Bohaz, entre as quais se acha, em seu trono, a Grande Sacerdotisa, a Papisa, perante um véu de tons brilhantes que oculta a entrada do Santuário.

Sua mão direita entreabre o Livro dos Segredos que ninguém pode ter acesso, se a Papisa não lhe confiar as chaves que ela segura na mão esquerda. Dessas chaves que abrem o interior das coisas (Esoterismo), uma é de ouro e se relaciona com o Sol (Verbo, Razão) e a outra é de prata, em afinidade com a Lua (Imaginação, Lucidez Intuitiva). Isto significa que é preciso aliar uma severa lógica a uma delicadíssima sensibilidade para aspirar a sondar as coisas ocultas, aquelas que a Natureza esconde ao conhecimento da maioria.

Quanto à cortina, que é preciso erguer para penetrar no recinto fechado, é a tela na qual se projetam as imagens vivas do pensamento. Essas imagens fascinam o visionário que se apega a ler na luz astral tal como as pitonisas.

O verdadeiro Iniciado não se detém nessas pequenas distrações do limiar, que são para ele apenas "bagatelas de porta". Se ele se mostra digno, a Grande Sacerdotisa afastará em seu favor o segundo véu, a fim de lhe permitir ler em seu rosto e, sobretudo, em seus olhos. O confidente da Deusa não será vítima de nenhuma miragem, porque ele possuirá o segredo das coisas, pelo fato de ser justo.

Este arcano, de modo sintético, encerra as idéias que se seguem:

- conhecimentos sacerdotais e intuitivos;
- metafísica intuitiva;
- fé racional;
- poder intuitivo e de prever o futuro;
- o Espírito penetrando o mistério;
- o Verbo ou palavra criadora;
- o Pensamento, ato do qual nascem as idéias.

Beth originou-se de um símbolo hieroglífico que estava ligado ao Tabernáculo do Espírito, e à Boca, órgão pelo qual se manifesta a palavra que é, por sua vez, a manifestação das idéias. À idéia de Boca se relacionam todos os conceitos que expressam núcleos, templos, santuários, taça, sacrário, segredo, mistério, ciência.

Esta letra simboliza também as antíteses a que está exposta a vida humana, como Bem e Mal, Luz e Sombras; ela está sob a regência da Lua.

Este Arcano Dois, no Mundo Divino, é expresso pela Divina Mãe, a Taça da Suprema Essência Divina.

É a Essência Única que se manifesta em seu duplo aspecto de Luz e Fogo, Fohat e Kundalini, em tudo e em todos penetrando, transformando, velando e libertando.

Interpretações Adivinhatórias

Chochmah, a Sabedoria, o Pensamento Criador, o Verbo, segunda pessoa da Trindade, Ísis, a Natureza, esposa de Deus e Mãe de todas as coisas.

A Substância que enche o espaço ilimitado; o campo de ação da causa ativa e inteligente. A oposição fecunda, da qual tudo se gera. A diferenciação que permite distinguir, perceber, logo conhecer e saber.

A Ciência Sagrada, cujo objeto não cai sob os sentidos.

Adivinhação, Filosofia Intuitiva, Gnose, discernimento do mistério. Religião espontânea, Fé contemplativa.

Silêncio, discrição, reserva, meditação. Modéstia, paciência, resignação, piedade, respeito às coisas santas. Na polaridade oposta: dissimulação, "segundas intenções", rancor, inércia, preguiça, intolerância, fanatismo.

Influência de Saturno, passiva.

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Curso de Tarô Esotérico



O Arcano 1
Nesta carta vê-se um jovem forte, um mago, cuja postura física assume a forma da letra Aleph. Ele inclina levemente o tronco para a direita, a mão direita aponta para baixo, a esquerda para cima, tal como a forma da letra Aleph. Com essa posição, ele revela ao mesmo tempo a verdade primordial deixada pelo grande iniciado Hermes Trimegisto em sua Tabula Smaragdina Hermetis: "Assim como em cima, também em baixo."

A roupa do homem jovem é estranhamente colorida. Ele usa um chapéu que, se bem observado, não se parece com um chapéu. A copa do suposto chapéu é a própria cabeça do homem, um círculo vermelho fechado que simboliza o seu espírito eterno, o seu Eu superior. Parte desse círculo está coberta pela aba do chapéu e, portanto, não é possível ver toda a cabeça. Isso mostra que seu espírito ainda não está totalmente consciente, que ainda há muito no inconsciente, na sua parte oculta. A cor vermelha é uma indicação de que o espírito, positivo-doador, é um fogo divino. Está em um círculo fechado porque nunca pode se mostrar no mundo material exterior. O espírito pertence a outro mundo. Ele é invisível no mundo material e não pode ser percebido pelos órgãos dos sentidos. Por essa razão, precisa de um instrumento de manifestação através do qual possa manifestar-se como idéia, pensamento ou conhecimento. Esse instrumento é o intelecto, simbolizado pela aba do chapéu. Essa aba tem a forma do sinal usado pelos matemáticos para designar o infinito, um 8 em posição horizontal. A barra da aba é amarela, cor da razão, e por dentro a aba é verde, símbolo da simpatia, da boa vontade e da unidade. O jovem mago manifesta dessa maneira o seu espírito invisível, fogoso, eterno, que nunca nasceu e que, portanto também não morrerá, através da infinitude independente do pensamento e do conhecimento, e também através da simpatia, da boa vontade e da unidade.

No corpo, ele usa uma túnica vermelha, muito justa, com gola azul e uma listra azul no centro. O traje vermelho é justo porque na verdade não se trata de uma vestimenta, mas do seu próprio corpo. A cor vermelha representa o seu espírito que, como a sua cabeça, é positivo-doador. A cor azul da gola e a listra central orlada de branco simboliza o seu amor puro e desinteressado pela humanidade. Ele oculta no íntimo esse amor altruísta, mas também aceita a orientação desse amor universal como guia em seu caminho através deste mundo. Isso é revelado pelas suas pernas que caminham pela trilha terrena e que estão calçadas com meias azuis.

Os braços simbolizam os dois grandes princípios polares da criação, o pólo ativo-masculino, positivo-doador, e o pólo passivo-feminino, negativo-receptor. Eles estão envolvidos por vários panos coloridos. Isso significa que o mago usa braços e mãos de forma versátil: com a razão, simbolizada pelo amarelo; com boas intenções e boa vontade em relação aos seus semelhantes, como indicado pela cor verde; sob essas duas cores ele veste uma malha justa azul que revela, além do seu corpo, também o seu ser real.

A bainha vermelha significa que ainda continua a irradiar a força espiritual doadora, ao orientar-se pelo amor altruísta pela humanidade em seu trabalho de atividade.

Na listra azul do centro da túnica há cinco botões. Representam os cinco órgãos dos sentidos, através dos quais ele se associa consigo mesmo, com seus mundos interior e exterior.

À sua frente há uma mesa. Apenas três pernas da mesa estão visíveis, a quarta eleva-se para o mundo espiritual invisível. O motivo para o mago cumprir sua atividade tem, em sua maior parte, uma base material. Sua pessoa vive no mundo material visível, portanto, ele deve cumprir neste mundo a tarefa que lhe foi destinada. No entanto, parte de suas ações - a quarta perna da mesa - depende de bases invisíveis, espirituais.

Sobre a mesa há três símbolos do tarô que, apesar de ainda não terem sido usados, estão prontos para uso: a taça, a espada e a moeda. Ele segura na mão esquerda o símbolo mais importante de todos: o bastão ou o cetro. Nas pontas o bastão tem esferas coloridas. Estas, por sua vez, simbolizam os dois princípios polares: a vermelha, o positivo e a azul, o negativo. O mago segura o bastão de tal forma que este fica com a extremidade positiva para cima e a negativa para baixo, na direção da moeda. O bastão simboliza as letras JOD, imagem da primeira revelação divina, uma única chama da qual surgiram todas ao outras letras e, aos poucos, toda a Criação. Na mão do mago, o bastão se transforma em uma vara de condão. É a força criadora do mago, com a qual ele concretiza no mundo exterior a vontade do seu Eu superior. Pode realizar verdadeiras maravilhas com ela e portanto, aos poucos, ele se torna um mago branco.

A taça é azul por fora, portanto, feminino-negativa, receptiva, mas contém em si o espírito, o princípio masculino-positivo, fogoso, representado pelo líquido vermelho que contém. A taça tem uma base hexagonal, formada pelos dois triângulos entrelaçados que representam os mundos espiritual e material. A taça aponta para os princípios espirituais do mago e significa sua receptividade a tudo o que é bom, até as mais elevadas verdades divinas do espírito.

A espada também está desembainhada, ainda sem uso, sobre a mesa. Ela simboliza a coragem do mago com a qual ele está preparado para lutar contra as sombras do submundo, contra o inconsciente, a fim de atingir a luz divina da consciência.

Por último, há uma moeda de ouro sobre a mesa. A forma circular representa o espírito; mas a cruz desenhada na moeda mostra que neste caso se trata de um espírito muito poderoso e especial, com o qual seu grande poder de concentração cria matéria e a controla unificando os dois elementos opostos. Essa é a moeda, dinheiro. Pois o conteúdo deste conceito "dinheiro" é puramente simbólico. Lembre-se de que, para um homem que está morrendo de sede no deserto, qualquer peça de metal, seja ouro ou prata, não tem absolutamente nenhum valor. "Dinheiro", portanto, é uma noção puramente abstrata e não matéria visível ou tangível.

A moeda nesta figura do mago também não sugere "dinheiro" visível com valor de troca. Indica muito mais precisamente o poder espiritual do homem que lhe permite controlar todos os valores do mundo material, basta que conheça este segredo!

Entre as pernas, e exatamente atrás dele, vê-se uma flor que cresceu da terra, portanto, da matéria. Ela tem folhas verdes e um botão. As folhas verdes representam os três grandes princípios do espírito, do poder e da matéria. A flor fechada, o botão, é vermelha e revela o espírito. Isso simboliza que o espírito do mago, tal como o botão da flor, ainda não se manifestou totalmente. Tal como a flor, o espírito já está presente, mas possui muitos aspectos ainda inconscientes. Tal como a flor ainda não desenvolveu todo o seu esplendor interior, o mago também ainda não revelou toda a perfeição do seu espírito, do seu Eu superior. Seus maiores tesouros, os tesouros divinos, continuam latentes em seu inconsciente. É esse também o motivo pelo qual a flor está atrás dele, assim como o seu inconsciente está por trás da sua consciência. Trata-se, entretanto, de mera questão de tempo até a flor se abrir e revelar a sua glória, e o mago revelar seu mais íntimo ser perfeito.

A carta O Mago mostra um homem que acabou de despertar, que se tornou consciente em si mesmo e que percebe pela primeira vez que está de fato aqui - que está aqui agora. Portanto, pela primeira vez, ele experimenta o presente absoluto no estado de autoconsciência. O seu Eu está desvinculado e é infinito no inconsciente, exatamente como o seu chapéu revela a infinitude; contudo o primeiro lampejo de autoconsciência ainda é limitado e sua luz ainda é a primeira centelha divina, não iluminando ainda todo o seu ser divino. Ele continua sendo a criança divina mas já é o início, assim como a criança é o início do adulto em crescimento. Da mesma maneira, o número Um é o primeiro de uma seqüência de números e a letra Aleph é o início do alfabeto.

O "mago" representa um homem ou uma mulher. O fato de o estado de despertar estar representado neste caso por um homem, não significa que só um homem possa experimentar esse estado. No primeiro estado de autoconsciência não há sexo. O ser humano, homem ou mulher, sente um estado espiritual positivo; esse estado é simbolizado pela figura de um homem. Uma criatura viva neste nível de consciência já possui todas as dádivas divinas que a ajudarão a prosseguir no caminho rumo ao autoconhecimento.

O mago segura na mão a "varinha de condão", que pode usar para abrir todas as portas fechadas do inconsciente. Sua alma é como uma taça da qual ele já pode beber o néctar divino do espírito. A espada, também, já está à sua disposição; portanto, ele pode dissipar as sombras do mundo subterrâneo, do inconsciente, e conquistar a luz divina do Eu superior, da onisciência. Finalmente, ele também tem a moeda de ouro, o poder espiritual sobre toda a matéria. Ele já conhece o valor intrínseco de todas as coisas; portanto, nunca mais perderá seu rumo na floresta dos falsos valores materiais deste mundo.

Embora possua todos esses tesouros, ele ainda não é um "mago" atuante. Na verdade, ele tem esses bens divinos, mas ainda não os usa. Ele não sabe que já tem na ponta dos dedos todos os atributos que lhe possibilitarão tornar-se um autêntico mago branco no jardim de Deus. Ainda está imóvel, mas pronto a iniciar o longo caminho para o autoconhecimento.

À figura do mago atribui-se o número 1 e a letra Aleph. O número 1 é o número divino que existia até mesmo antes que os outros números nascessem dele. É o pai de todos os outros números, é indivisível e eterno. É o único número que pode ser usado como um multiplicador sem modificar o valor do número que for multiplicado. Diz o Vishnu-Purana: "Não havia dia nem noite, nem céu ou terra, nem escuridão ou luz, nem havia qualquer outra coisa, nada a não ser o Um". E o grande iluminado hindu Ramakrishna afirmou do mesmo modo: "Conheça o Um e você conhecerá tudo".

Na Cabala esta carta corresponde ao primeiro coro de anjos, chamados Serafins. Até a época do profeta Isaías, Seraph significava uma serpente sagrada com três pares de asas. Isaías trocou este nome pelo de anjos. Desde então, Seraph ficou sendo o nome de uma criatura angelical com três pares de asas. Sephirot é uma hoste inteira desses anjos. Na Cabala há dez dessas sephirot criativas. Sephirah significa literalmente emanação.

No alfabeto hebraico há três letras chamadas "mães". Essas três mães são: Aleph, Mem e Shin. As três significam um nascimento e por isso são conhecidas como "mães". Aleph é o primeiro nascimento, o nascimento da criança divina, o primeiro lampejo de autoconsciência. O homem ainda é como uma criança que começa a olhar em torno, incapaz de usar seus atributos, os talentos que lhe foram dados por Deus. Com o passar do tempo, sua atividade se desenvolverá e só então ele se tornará um adulto. A letra Aleph fez nascer o primeiro despertar da consciência no homem.

O número 1 e a letra Aleph são ambos o começo de um desenvolvimento. Da mesma forma como o número 1 faz surgir todos os números subseqüentes ad infinitum, a letra Aleph assinala o início do alfabeto. Tal como o botão representa o início que leva à florescência total, da mesma forma a consciência presente no homem que tem os instrumentos mágicos à sua disposição é o início do grande, longo e irregular caminho que leva ao supremo objetivo, que leva à Onisciência divina e perfeita.



Interpretação Oculta
Esta lâmina tem o sentido de "Deus em Movimento, Começo das Coisas". Este arcano encerra a idéia de dois caminhos: o caminho da manifestação das consciências, que são as criaturas humanas no mundo material, e a ascensão dessas consciências para o mundo celestial ou subjetivo.

A finalidade da evolução é transformar vida-energia em vida-consciência. O Arcano 1 tem sua expressão ligada ao Mundo das Idéias, porém de natureza cósmica. É a expressão de uma Suprema Unidade, de uma Suprema Consciência, agindo sob forma de influxo na Substância Indiferenciada. O Mago é, portanto, a expressão de uma Vontade Criadora pondo em atividade energias cósmicas.

Realmente, o Tarô é a Roda que começa a girar, mostrando "Deus em Movimento, o Começo das Coisas". É o "Espírito de Deus pairando sobre as Águas Criadoras".

Deste sentido tem derivado as idéias sobre o Universo e sobre o princípio que o determina, idéias que conferem à Aleph o seu valor como emblema de potência e estabilidade.

No Universo, Deus (as Hierarquias Criadoras) é visto como o Grande Sugestionador de tudo o que sucede no Cosmo. Os objetos do Mago correspondem às Quatro Hierarquias Criadoras, também denominadas de Hierarquias Rúpicas. O quadro a seguir mostra as relações analógicas que governam, sobretudo, os Arcanos Menores:

Assuras - Agnisvatas - Barishads - Jivas
Espada - Bagueta - Taça - Moeda
Espadas - Paus - Copas - Ouros
Ar - Fogo - Água - Terra
Ousar - Querer - Saber - Calar
Águia - Leão - Anjo (Mulher) - Touro

Para ficar de posse desses instrumentos místicos, o Iniciado deve ter passado pela provação dos Elementos. A vitória alcançada sobre a Terra confere à Moeda o ponto de apoio concreto necessário a toda a ação. Afrontando o Ar com audácia, a Cavaleiro da Verdade aparece armado com a Espada ("São Jorge"), símbolo do Verbo que põe em fuga os fantasmas do erro (o Dragão). O triunfar da Água é conquistar o Santo Graal, a Taça onde se sorve a Sabedoria. Provado pelo Fogo, o Iniciado obtém, enfim, a insígnia suprema do comando, a Bagueta, cetro do rei que reina por sua vontade confundida com o soberano querer.

Interpretações Adivinhatórias

Kether, a Coroa da Árvore dos Sephiroth, o Começo de Todas as Coisas: Causa Primeira, Unidade-Princípio, Espírito Puro, Sujeito pensante único e universal, refratando-se no Eu de toda criatura inteligente.

Iniciativa, centro de ação, espontaneidade de inteligência, acuidade de discernimento e de compreensão, presença de espírito, posse de si mesmo, autonomia, repulsa a toda sujeição estranha, emancipação de todo preconceito.

Destreza, habilidade, finura diplomática. Interlocutor persuasivo. Na polaridade oposta: falta de escrúpulos, mentiroso, charlatão, explorador da candura humana.

Influência de Mercúrio no bem como no mal.

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CICLO LUNAR OU FASES DA LUA

Márcia Mattos - Astróloga

Entre os povos antigos, o Sol e a Lua eram adorados como deuses, já que eram fontes supremas da energia que fluía para a terra. O período da Lua Nova era sagrado, pois o Deus Sol e a Deusa Lua eram um só. Envolvida pela luz do Sol, a Lua ficava carregada de seu poder vital. Na medida em que a Lua crescia, ela gradualmente refletia e distribuía a luz do Sol para a terra, marcando o período fértil e destinado ao crescimento.Na fase Cheia, a Lua se tornava igual ao Sol, liberando para a terra a sua força total de transmissão do poder do "astro-rei". Então, como que exausto de tanta atividade, ela começava a minguar. Na terra, a vitalidade decaía, esperando a renovação da fertilidade quando os dois deuses estivessem unidos outra vez. Para os antigos, os ciclos lunares acabavam por se transformar no calendário celeste. A contagem das luas se tornou o fundamento para nossa idéia atual de mês e a estrutura interna ou as fases da Lua se tornaram um fundamento da nossa idéia atual de semana. Para eles, o tempo era cíclico, estruturado em fases, e cada uma tinha determinada qualidade e características próprias, que tornava algumas atividades apropriadas para algumas fases e impróprias para outras.As fases da Lua se referem à relação entre o Sol e a Lua do ponto de vista da terra.

A Lua Nova

Inaugura um novo ciclo. É a semente do ciclo lunar que começa. O mapa astrológico levantado para a Lua Nova é a chave das influências de todo mês lunar que se aproxima. Simboliza um novo impulso ou oportunidade para crescimento. No entanto, o ciclo que se inicia não começa de um só golpe. A princípio, sente-se um alívio ou libertação das pressões do mês anterior, mas aquilo que vai ser desenvolvido durante o mês que se adianta emerge gradualmente. Nessa fase, o que se tenta desenvolver ainda não é um fato real, mas apenas uma possibilidade que precisa ser definida e alimentada nas semanas que virão. Além disso, o início do ciclo é sempre cercado de fantasmas e de assuntos inacabados dos ciclos anteriores. O signo do zodíaco onde ocorre a Lua Nova representa qualidades deste novo impulso e, ao mesmo tempo, o antídoto e as soluções para se eliminar os restos deixados pelo ciclo anterior.

O Lua crescente

Indica um crescimento (começado na Lua Nova) que pode ser impedido ou bloqueado por obstáculos o assuntos não resolvidos no passado. Idealmente, esse seria um período para vencer os obstáculos não resolvidos. É, aliás, o que deve acontecer se quisermos que toda a energia a ser liberada durante a Lua Cheia seja aproveitada. O quarto crescente nos aponta um quadro de necessidade de mudança e remanejamento. Se as dificuldades do passado não ficarem esclarecidas aqui e resolvidas ou se o crescimento for letárgico, então a iluminação oferecida durante este ciclo não será completada. Qualquer padrão que foi estabelecido neste primeiro ciclo, de crescimento ou de dificuldade, continuará a ser desenvolvido durante o resto do ciclo lunar. Aqui, o que quer que esteja sendo desenvolvido em nós ou em nossas vidas sofrerá um teste e precisará ser definido claramente e delineado em uma direção. Isto significa fazer opções entre várias possibilidades e alguns padrões habituais antigos. Há emergência, independência, atividade e comprometimento. Não é hora de fugir.

A Lua Cheia

Culminam a semente e o potencial inaugurado na Lua Nova. Se tiver sido desenvolvida uma atitude positiva de crescimento e as etapas tiverem sido superadas durante o quatro crescente, então a Lua Cheia trará a realização e a satisfação. Caso contrário, pode trazer conflitos, problemas, aparecimento de uma situação de ansiedade e até afetar a saúde física. A Lua Cheia é um transbordamento. Neste período, deve se atingir o ápice daquilo que vinha sendo desenvolvendo nas fases iniciais para melhor ou para pior, para o sucesso ou o fracasso. Se o nosso trabalho anterior tiver sido bem sucedido, então a Lua Cheia iniciará um processo de usar, ampliar, partilhar e assimilar essas experiências. Se, por outro lado, nossos esforços não tenham sido proveitosos (durante a fase crescente) as coisas não irão acontecer do jeito que esperávamos, porque tinham apenas valor temporário. A Lua Cheia pode nos estimular a abandonar essas situações, relacionamento ou coisa que eram incapazes de preencher uma função positiva em nossas vidas e se soubermos deixá-las, estaremos abrindo espaço para um crescimento futuro no próximo ciclo que se aproxima.

Lua Minguante

Se a Lua Crescente nos desafia a crescer para fora e agir de modo a realizar nossas possibilidades, a Lua Minguante nos desafia a crescer para dentro e a mudar. Qualquer coisa que não se harmoniza com este crescimento interno e essa maior compreensão de nossas experiências, deve ser deixado de lado. O momento aqui é ultra favorável a "insights". Questionando posicionamentos antigos, poderemos nos abrir para novas idéias e ideais. A última fase deste ciclo, que antecede imediatamente à Lua Nova, marca um período de transição, o período "semente" entre o ciclo que se encerra e o próximo que se anuncia. Durante este tempo, os resultados do ciclo inteiro podem ser revistos, concentrados e resumidos em sua essência para formarem um fundamento de um ciclo futuro.

Trecho da apostila "A Lua: seus múltiplos significados e atributos", da astróloga Márcia Mattos.











O PERDÃO

Não existe nada mais difícil do que o perdão. Nada. E aqui, é bom sempre deixar claro, não estou me referindo ao perdão vulgar, aquele em que a vovó passa a mão na cabeça do netinho que acabou de quebrar um caríssimo vaso de cristal ao brincar de bola dentro do apartamento. Perdão – com “p” maiúsculo.
Não sou cristão por um motivo simples: não consigo acreditar em algumas premissas básicas do cristianismo, como a divindade de Jesus e a Ressurreição. Isso não me impede de admirar o Homem de Nazaré. Até porque, como a grande maioria dos brasileiros, tive, na infância, uma educação católica.
Nos últimos dias, tenho pensado muito sobre algumas frases derradeiras de Jesus Cristo. Na cruz, por exemplo, ele pede ao Pai que perdoe as pessoas, porque elas não sabiam o que estava fazendo. Uau! Não se trata somente de uma fala de mártir e nem tampouco de perdão em estado bruto; é preciso reconhecer um bocado de orgulho na frase. Sim, porque se “eles” não sabem o que fazem é porque “eu” sei o que estão fazendo de errado. Sabedoria esta, tenho de reconhecer, própria de um Deus humano.
Sou humano, sem pretensões de me tornar Deus. Mas o perdão que sou capaz de dar, infelizmente, passa pela mesma idéia: a constatação do erro e, posteriormente, da ignorância que a ele conduz. Não é algo nobre. E dói. Ah, como dói.
Um dos problemas desta postura algo arrogante de quem perdoa porque entende é que ela nos leva a um poço fedido de desespero seco. Por uma destas coincidências que me recuso a acreditar que sejam fruto do acaso, ontem estava lendo A Arte de Se Salvar (Imago), de Nilton Bonder. Logo no início, me deparo com um interessante raciocínio que coloca Desespero e Fé em patamares semelhantes, sendo que o primeiro dá início ao Cinismo, enquanto a segunda nada mais é do que uma forma superior de Liberdade.
O perdão que, hoje, sou capaz de dar me conduz ao Cinismo. Que se manifesta até fisicamente: o silêncio, o queixo algo empinado, o olhar vazio. Quero – e tenho trabalhado para isso – poder oferecer a meus algozes, cientes disso ou não, o perdão da Fé, que é libertário.
Há momentos, sinto, em que sou tocado por este verdadeiro Dom: por um átimo, entendo que a crucificação é um fato, saibam ou não o que estão fazendo. Eu os perdôo quando desprezo o que é motivado pela ignorância. Pode parecer contraditório, até, mas o fato é que é mais fácil perdoar quando se sabe o que realmente motiva algum ato de violência. A ignorância é a mais débil das desculpas.
Mas… e quanto ao passado? Como perdoar o que se tem gravado a sangue na memória? E como perdoar sem ser tomado pelo Desespero que conduz ao Cinismo? Para mim, isto tudo ainda é um mistério. Sei que a resposta do enigma passa pela compreensão absoluta de que os homens são livres – inclusive para se magoarem. Apenas não sei, ainda, como combinar no anagrama perfeito as letras desta tal Liberdade.

http://www.polzonoff.com.br/o-perdao.htm









O GUERREIRO DA LUZ E SEUS DEMÔNIOS

O guerreiro da luz passa a acreditar que é melhor seguir a luz. Ele já traiu, mentiu, desviou-se do seu caminho, cortejou as trevas. E tudo continuou dando certo - como se nada tivesse acontecido. Mas agora ele quer mudar suas atitudes.Ao tomar esta decisão, escuta quatro comentários: "Você sempre agiu errado. Você está velho demais para mudar. Você não é bom. Você não merece".Então olha para o céu. E uma voz diz: "bem, meu caro, todo mundo já fez coisas erradas. Você está perdoado, mas não posso forçar este perdão. Decida-se".O verdadeiro guerreiro da luz aceita o perdão, e passa a tomar algumas precauções.Um novo passo em falsoComo nada muda da noite para o dia, o guerreiro dá um novo passo em falso e mergulha mais uma vez no abismo. Os fantasmas o provocam, a solidão o atormenta. Como agora tem mais consciência de seus atos, não pensava que isto fosse tornar a acontecer.Mas aconteceu. Envolto pela escuridão, ele se comunica com seu mestre."Mestre, caí de novo no abismo", diz . "As águas são fundas e escuras""Lembra-te de uma coisa", responde o mestre. "O que afoga não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo d'água".E o guerreiro usa o resto de suas forças para sair da situação em que se encontra.Tendo cuidado com os comentáriosUm guerreiro sabe que as trevas utilizam uma rede invisível para espalhar seu mal. Esta rede pega qualquer informação solta no ar, e a transforma em intriga. Tudo que é dito a respeito de alguém, sempre termina chegando aos ouvidos dos inimigos desta pessoa, acrescido da carga tenebrosa de veneno e maldade.Por isso o guerreiro, quando fala das atitudes de seu irmão, imagina que ele está presente, escutando o que diz. Assim, desenvolve a arte da prudência e da dignidade.E fica cada vez mais perto da luz que entrou pela sua janela, e agora ilumina toda sua alma.

Mago Paulo Coelho emManual do Guerreiro da Luz

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